mudança.


Porque agora eu troquei minha flor por um prefixo.

“Tem pessoas que a gente não esquece nem se esquecer: o primeiro namorado, uma estrela da tevê.”

E a música tinha que ter começado a tocar agora.

Sim, hoje é seu aniversário. E não é porque nós não passamos mais que vinte dez dias sem brigar que eu deixei de anotar essa data na minha agenda.

Eu tenho quase certeza de que você vai fazer pouco caso disso, sei que você é ingrato comigo, e que talvez nem leia por preguiça. Ou por desinteresse, ou outra desculpa imperdoável qualquer.

A maioria das suas más criações dos seus atos são previsíveis, pelo menos pra mim, no que diz respeito a mim. Às vezes indiferença, às vezes drama, vingança sempre.

Mas apesar de tudo o que você me faz (cara!, e não é pouca coisa, nós sabemos), e apesar de tudo o que eu te faço (aliás, fazia, não sou mais disso), você ainda é importante na minha vida. E não porque foi o primeiro cara que eu amei, que eu beijei. Mas porque o primeiro cara que eu amei e beijei é um cara legal. Um cara frio, indiferente, diferente e mau. Legal, porém.

Um cara que sabe ser romântico, infantil e fofo, apesar de frio e mau.

Eu ensaiei palavras pra você, pra agora...só que...há algo que eu posso dizer que você já não saiba? Você é aquele que tudo sabe, tudo vê.

Talvez tenham umas coisitas, mas deixa pra outro momento, não quero estragar o seu fim de aniversário. (Daí ele lê e pensa algo como: “ah não, não ia fazer diferença vindo de você, eu não ligo, pode falar.”)

Ai ai, senhor ladrão de mentes. Feliz Aniversário.

(Nossa, como você é velho.)


Pausa de, em média, trinta segundos a cada fala.

- O que você ainda está fazendo aí?

- Nada, nada de útil.

- Que há?

- Eu não sei. São sempre as mesmas respostas, nenhuma delas é sincera.

- Quais são as perguntas?

- Cale-se. Ouça. Eu não sei o que quero, só sei o que não quero. Não me pergunte o que não quero, porque são tantas coisas. Há tanta coisa, são tantas opções. Dia desses, um cantor famoso teve que mudar o seu nome artístico, porque ele já estava sendo usado por outro cara. Há tanta gente, tanta coisa. Mas parece que todos optam pelo mesmo. Eu quero inovar.

- Você exagera com suas manias de autenticidade.

- Cale-se e ouça. Eu não quero o que já há. O que há não me apetece. O que há é tão artificial, tão superficial. Quero intensidade. De que me adianta o caderno escondido na gaveta? De que me adianta ser um engenheiro bem remunerado, se eu queria mesmo é ser poeta? Não desses poetas que vemos por aí. Um poeta poesia. Um poeta que veste roupas só de uma cor, por um motivo muito lógico. Que vive entre flores, as mais belas. Que descreve cada coisa, cada detalhezinho com muita subjetividade, do ponto de vista que quiser.

- Se é isso.

- Não adianta. Não posso ser assim. O mundo em que vivo não me permite.

- Então.

- Então. Então tenho que optar pelo mesmo. Durante a minha vida toda, tive que fazer isso.

- Fuja.

- Quem é você?

- Você é que me trouxe até aqui. Agora vá, antes que o idiota acorde.

- Obrigado.


At 12/14/2007 9:49 PM, Anonymous Anônimo said…

tira essa tristeza do rosto...sorria para a lua e dance na chuva embaixo do telhado de casa...


Tenho que tirar a tristeza do blog, na verdade. Eu tô bem. Muito bem. Cheia de novas expectativas quanto a mim, quanto à vida.

Eu só cansei dos blogs, só isso. Quero um pouco menos de intensidade, entende?

Saudades.

cansei.

A Menina com uma Flor na mão me pediu um texto. Não ando numa fase muito produtiva, mas têm saído algumas coisas timidamente.

Esse texto não condiz com a alegria de estar dividindo esse espaço com ela e muito menos com o que somos entre nós, mas é, dos últimos que escrevi, o que mais gosto. Sempre que o releio, descubro um novo movimento de palavras, uma nova canção conduzida pela pronúncia.

E pra ela, beijos com cheiro de chuva.


***


Eu sinto aquela raiva, aquele medo
De explodir a qualquer momento
Fora do tempo, fora do ar
Eu sinto aquele troço, aquela ânsia
O gosto seco na garganta
A tristeza me embriagar

Eu sinto culpa, arrependimento
Ranço, ódio, um sentimento
Tudo ao mesmo tempo, ou nada
Eu quero que você ouça o meu grito
Que machuque os seus ouvidos
Que lhe deixe arrepiada

De medo, raiva, culpa, ódio
Um troço, uma ânsia, um tempo
Fora, que lhe falte o ar
O azedo de um peito embriagado
Um ranço, mal-estar, cansaço
Tudo ou nada, se afogar

Eu tenho aquele beijo atravessado
O sangue seco preso ao lábio
Sem controle, sem solução
Eu ranjo os dentes, cerro os punhos
Mordo, amasso, esmurro
Aponto a faca pro já cansado coração

Eu quero que você sinta minha dor
Descaso, inútil, rancor
Machuque os pés, sangre uma ferida
E alimente, esquente no seu cobertor
O dissabor, o desamor
Que hoje virou a minha vida


(Mateus Borba, 20/06/07)

Nunca diga a uma pessoa que ela é o seu único motivo de felicidade. Isso pode trazer sérias conseqüências na vida dela, principalmente se você já falou em suicídio.
(Também
nunca diga a uma pessoa de menos de vinte e cinco anos – ou até mais – que você pensa em suicídio. Principalmente se esta lhe ama.)
Quando se é o único motivo de felicidade de alguém, também se é o único motivo de infelicidade do mesmo. E, se este alguém já pensou em suicídio... pfff, também se é o motivo de morte, não é mesmo?
Não dá pra viver sabendo que você é o único motivo de felicidade de alguém – que lhe falou em suicídio quando você tinha uns doze anos. É por isso que eu esqueço. Esqueço que sou o único motivo de felicidade, de infelicidade, ou de morte de alguém que eu amo.
Sabe que eu prefiro a morte do que ser o motivo da morte de alguém? Quem quer que seja.
Já não me importam os outros ou eu mesma. Eu me lembrei. Lembrei que eu sou o motivo.
Fiquei sentada no banheiro escuro, com medo. Sozinha. É triste estar sozinho quando se é um motivo. Mas quando se é um motivo, por mais que se esqueça, você sempre estará sozinho.
Eu prefiro a morte do que ser o motivo da morte de alguém.

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